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Efeitos Fisiológicos da Pressão

Você sabe o que é um  esfigmomanômetro?

Claro que sabe! Você já viu um formando em medicina ou um recém-formado dando plantão em um hospital? Além da “cara de sono” e dos “cinco livros debaixo do braço”, eles levam “até pra ir ao banheiro” o estetoscópio e “aquele aparelhinho ” de medir a pressão, que é o esfigmomanômetro.

O bracelete do esfigmomanômetro é enrolado no antebraço do paciente, na altura do coração. A seguir, a pressão do bracelete é aumentada até que seja fechada uma das principais artérias do braço.  Após, a pressão na artéria vai sendo diminuída gradativamente e, com o estetoscópio, é possível ouvir o ruído causado pelo sangue em seu movimento através da artéria. Quando a pressão exercida sobre a artéria é próxima da pressão máxima exercida pelo coração, a artéria se abre parcialmente, possibilitando o fluxo turbulento de sangue, que possui um som característico.  Quando a pressão sobre a artéria diminui, atinge-se um valor mínimo em que o fluxo sanguíneo é mais uniforme, emitindo outro som.  Essa é uma maneira de saber os valores das pressões sanguíneas máxima e mínima do paciente.

Em um indivíduo adulto sadio, os valores de pressão máxima e mínima estão, aproximadamente, entre 12 e 8 cmHg. Lembre-se de que ao nível do mar a pressão atmosférica (pressão chamada normal) é de 1 atmosfera, que equivale a 76 cmHg. Assim podemos afirmar que o coração é uma bomba muscular que em um homem adulto, sadio e em situação de não esforço, exerce sobre a massa sanguínea  uma pressão de aproximadamente 12 cmHg durante a contração (sístole), e de aproximadamente 8 cmHg durante a relaxação (diástole). Com a contração do músculo cardíaco, o sangue sai do ventrículo esquerdo, passa pela aorta e pelas artérias e vai aos capilares. Dos capilares venosos o sangue segue até as veias e chega ao átrio direito com uma pressão bastante pequena.  Em média, a diferença máxima entre as  pressões arterial e venosa é da ordem de 10 cmHg. Como a densidade sanguínea é próxima à da água (d = 1,04 g/cm3), a diferença de pressão hidrostática entre os pés e a cabeça de uma pessoa de um metro e setenta centímetros de altura equivale, aproximadamente, à de uma coluna de água de 1,70 metros de altura.

Variação da pressão conforme a altura

Lembre-se de que, na água – considerando a aceleração da gravidade 10 m/s2 – a cada variação de altura de 10 m implica uma variação de pressão de 1 atmosfera, ou seja, 76 cm de Hg. Quando uma pessoa está deitada, sua pressão arterial é praticamente a mesma em todos os pontos, em torno  de 10 cmHg; quando está sentada ou em pé, a pressão arterial diminui com a altura, ou seja, a pressão sanguínea na cabeça é menor do que nos pés. Essa pressão pode ser calculada pela expressão:

pressão (CABEÇA) = pressão (CORAÇÃO) – d . g . h

Onde:

  • g = aceleração da gravidade local;
  • h = altura entre o centro da cabeça e o centro do coração do indivíduo;
  • d = densidade do sangue.

Assim, se um indivíduo está deitado (h = 0) e se levanta rapidamente, a pressão arterial da cabeça diminuirá em  d SANGUE . g . h, o que implicará na diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro.  Como o fluxo deve ser contínuo (o ajuste do fluxo pela expansão das artérias não é instantâneo), o indivíduo poderá sentir-se tonto ou até mesmo desmaiar. Em alguns animais esse efeito fisiológico da variação da pressão na cabeça com a variação da altura é bastante significativo.  Imagine uma girafa, cuja altura varia entre 4,0 e 5,5 metros!

Outro fato corriqueiro que nos faz sentir a variação de pressão ocasionando algum efeito fisiológico é quando subimos ou descemos uma serra ou quando mergulhamos na água. Todos nós, ao subirmos ou descermos uma serra, como a da BR 282, sentimos aquela “coceirinha” no ouvido, lembram-se? Ao subir uma montanha maior, um indivíduo pode sentir efeitos fisiológicos tais como dificuldade de respirar, taquicardia (com batimento cardíaco superior a 100 por minuto), mal-estar generalizado, náuseas e dor de cabeça.  Esses efeitos se acentuam, por exemplo, quando alguém, habituado a viver ao nível do mar, desloca-se para localidades com altitude superior a 3.000 metros.  Isso ocorre porque a pressão atmosférica diminui com a altura, tendo de haver uma adaptação do organismo para a nova pressão externa.  Até que se habitue, esses efeitos aparecem, como também vão existir quando da volta ao ambiente de pressão normal. A 5.000 metros de altura, a pressão ambiente é quase a metade da pressão ao nível do mar.  Nesse caso ocorre o fenômeno chamado hipoxia, ou seja, um baixo fornecimento de oxigênio. Acima de 6.000 metros pode ocorrer a hipoxia crítica, cuja consequência é a perda rápida do controle neuromuscular e da consciência, seguida de parada respiratória que pode levar o indivíduo à morte.

Esta crônica foi publicada em: RAMOS, Edson Osni. Crônicas de Física: A física do cotidiano. Florianópolis: Pascal, 2000. 1 v.

Edson Cebola

Graduado em Ciências Físicas e Matemáticas - UFSC; Pós graduado com Especialização em Educação - UNISUL; Aperfeiçoamento em Ensino de Física – formação continuada para Professores de Física - UFSC; Maester in Insegnare Nella Societá Della Conoscenza. E-Teacher & Global Learning - Università Ca’Foscari - Venezia/Itália; Membro da Academia São José de Letras; Professor de Física para Vestibular e Ensino Médio desde 1977.

4 Comentários

  1. ana karla 30 de março de 2012

    gostei muito…mais não esse assunto que eu estava procurando.e sim pressão atmosferica

  2. ivan 15 de junho de 2013

    seria possível ( sem considerar as leis, só o aspecto médico) aclimatar detentos a uma pressão superior a atmosférica a fim de causar lhas hipoxia caso fugissem da “carceragem Pressurizada”?

  3. ana 31 de agosto de 2013

    gostei muito, respondeu fisiologicamente uma pergunta minha.

  4. KARINA MARIA CERVEIRA DA SILVA 13 de novembro de 2016

    Gostei muito por esse nome não conhecia

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