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Som, ultrassom e infrassom

Sempre que você ouve alguém falando, significa que ocorreu uma produção de ondas sonoras que sensibilizaram seu aparelho auditivo. Sendo as ondas sonoras de natureza mecânica, necessitam de meio material para se propagarem, não se transmitindo, portanto, no vácuo. São diferentes das ondas eletromagnéticas (luz, sinal de rádio, raio X, etc.) que podem se propagar também onde não há matéria.
Esse conhecimento nos leva a perceber absurdos que aparecem nos chamados filmes de ficção científica. Provavelmente você já assistiu filmes onde são mostrados “combates” entre naves espaciais que, ao explodirem, possibilitam a amigos e inimigos escutarem o “som” da explosão. Como pode ter som se o meio espacial é vácuo?

Muitas vezes falamos “som” e “onda sonora” como se fossem a mesma coisa. É conveniente lembrarmos que todo som é uma onda sonora, mas nem toda onda sonora é som.
Denominamos som apenas às ondas sonoras com freqüências entre 20 hertz e 20.000 hertz (que são capazes de sensibilizar o ouvido humano). Ondas sonoras com freqüências abaixo de 20 Hz são denominadas de infrassom, e acima de 20.000 hertz são denominadas de ultrassom. Embora sejam perceptíveis por alguns animais (cachorros, ratos e morcegos, entre outros, percebem ultrassons), essas ondas não sensibilizam o ouvido humano, portanto não as percebemos.

O Ultrassom

A utilização de ondas ultrassônicas vem sendo utilizada pelos homens desde há muito tempo. Em 1900,por exemplo,  o francês Galton inventou um aparelho que emitia e recebia ultrassons e que foi usado para fins militares (detecção de barcos e submarinos). Esse aparelho, ainda hoje um exemplo clássico da aplicação de ultrassons, é denominado de SONAR (sound navigation rancing = localização de navegação pelo som). Através desse aparelho emite-se ondas sonoras ultrassônicas de um barco para o fundo do mar (ou rio, etc). Essas ondas, após refletirem-se no fundo, voltam e são detectadas pelo aparelho. Como se conhece a velocidade de propagação das ondas sonoras na água e determinando-se o tempo entre a emissão e a recepção da onda refletida, pode-se saber a distância entre a fonte emissora e o local onde ocorreu a reflexão. Através disso, pode-se fazer o mapeamento do fundo do mar. Se você sabe a profundidade em determinado local (basta observar as cartas náuticas) e ao emitir um sinal de sonar percebe que a reflexão ocorreu em menos tempo do que deveria, ou seja, que o sinal refletiu em um ponto acima do ponto da profundidade local, é porque existe algo acima do leito do mar (um cardume de peixes, por exemplo). Então solta-se a rede…

A natureza já utilizava os sonares muito antes da tecnologia humana os desenvolver. Os morcegos, animais de hábitos noturnos que a maioria das pessoas associa a coisas ruins, como vampiros e monstros, possuem um aparelho óptico muito rudimentar; seus olhos são do tamanho de uma cabeça de alfinete, o que lhes permite distinguir, no máximo, o claro do escuro. Então, para suas locomoções noturnas e para localizar suas presas, ele se utiliza de um dispositivo natural chamado eco orientação, que funciona como um SONAR. Ele emite ondas sonoras curtas, na faixa do ultrassom, inaudíveis ao ser humano, e depois intercepta o eco dessas ondas refletidas por algum objeto. Por instinto, consegue saber a que distância a onda refletiu, podendo, então, contornar os obstáculos quando se desloca ou atingir sua presa quando for o caso. Esse sistema do morcego é tão preciso que ele é capaz de perceber um arame esticado a sua frente e contorná-lo, mesmo na mais absoluta escuridão. Gosto de pensar se os humanos algum dia serão capazes dessa precisão!

Ainda é bastante grande a utilização de ultrassons na indústria, na aplicação de soldas mecânicas e até na limpeza de peças e materiais. Na Medicina, são utilizados desde no exame clínico para diagnóstico até em terapias, como na fisioterapia a base de ultrassom. Uma das coisas marcantes a qualquer casal é a realização de exames pré-natal onde, através da utilização de ultrassom, pode-se “ver” o bebê, observar seus movimentos, etc. É inesquecível!

Edson Cebola

Graduado em Ciências Físicas e Matemáticas - UFSC; Pós graduado com Especialização em Educação - UNISUL; Aperfeiçoamento em Ensino de Física – formação continuada para Professores de Física - UFSC; Maester in Insegnare Nella Societá Della Conoscenza. E-Teacher & Global Learning - Università Ca’Foscari - Venezia/Itália; Membro da Academia São José de Letras; Professor de Física para Vestibular e Ensino Médio desde 1977.

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